segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Ativistas brasileiros assassinados no Pará serão homenageados pela ONU José Cláudio Riberio e Maria do Espírito Santo morreram em maio de 2011. Diretor do Greenpeace recebeu prêmio 'Herói da Floresta'.



Casal de ambientalistas foi morto a tiros em estrada no Pará (Foto: Divulgação/Arquivo CNS)Casal de ambientalistas José Cláudio Ribeiro
e Maria do Espírito Santo (Foto:
Divulgação/Arquivo CNS)
O casal de ativistas brasileiros José Cláudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo, assassinado no Pará em maio de 2011, receberá um título especial póstumo das Nações Unidas nesta quinta-feira (9), em Nova York.
No mesmo evento, o diretor do Greenpeace para a Amazônia, o brasileiro Paulo Adario, receberá o prêmio "Herói da Floresta" na América Latina e Caribe.
É a primeira vez que a ONU confere o prêmio, em reconhecimento à contribuição para a preservação da floresta. Ele será entregue na cerimônia de encerramento do "Ano Internacional das Florestas", comemorado em 2011.
Além de Adario, a ONU nomeou "heróis da floresta" na África, Europa, Ásia e América do Norte, depois de receber 90 indicações, de 41 países. Os escolhidos foram Paul Nzegha Mzeka, de Camerões, Shigeatsu Hatakeyama, do Japão, Anatoly Lebedev, da Rússia, e Rhiannon Tomtishen e Madison Vorva, dos Estados Unidos.
Segundo a ONU, o Ano Internacional das Florestas oferece a oportunidade de celebrar os esforços de "inúmeros indivíduos ao redor do mundo que dedicam suas vidas para ajudar florestas de formas silenciosas e heroicas".
José Cláudio e Maria do Espírito Santo
O casal foi morto a tiros quando estava em uma motocicleta na estrada de acesso ao assentamento Praialta Piranhanheira, em Nova Ipixuna. Em setembro, dois suspeitos foram presos.
O crime foi notícia na imprensa internacional. No jornal britânico 'The Guardian', o Brasil foi criticado por 'proteger árvores, mas não pessoas'.
Desde 1995, Paulo Adario realiza expedições de pesquisa e documentação na Amazônia (Foto: Divulgação / Greenpeace)Desde 1995, Paulo Adario realiza expedições de
pesquisa e documentação na Amazônia (Foto:
Divulgação / Greenpeace)
Paulo Adario"Devo confessar que [o título] é um pouco embaraçoso já que vem com um título inspirador, 'Herói da Floresta'. Devemos admitir que ele traz um reconhecimento pela ONU de que as florestas ainda estão em grante perigo e que é preciso lutar pela sua proteção. O reconhecimento vai atrair atenção internacional para proteção da Amazônia", afirmou Adario, de Nova York.
Entre as contribuições de Adario para a floresta, as Nações Unidas citam a "assistência para a demarcação e proteção das terras dos índios Deni" e "a liderança em campanhas de preservação da Amazônia, com atividades que vão desde reuniões com representantes da indústria madeireira até expedições dentro da Amazônia". Concorreram com Adario o jornalista brasileiro Felipe Milanez e a educadora equatoriana Monica Hinojosa.
Paulo Adario é um dos fundadores do Greenpeace no Brasil. Desde 1992, realiza expedições para a Amazônia e, em 1998, ajudou a estabelecer o escritório do grupo ambiental em Manaus. Desde 2001, coordena a Campanha Amazônia, considerada uma das maiores do Greenpeace no mundo.
Segundo Adario, o título de "Herói da Floresta" não diminui a preocupação quando ao futuro das florestas, "vítimas da expansão descontrolada do agronegócio, da exploração ilegal e predatória de madeira e demais recursos naturais". Quanto à situação das matas no Brasil, ele se diz preocupado com a "política contraditória do governo brasileiro".
"Enquanto no exterior o Brasil vende uma imagem de defensor da Amazônia, ajudado pelo fato de que o desmatamento vem caindo nos últimos anos, na prática, várias medidas caminham na contramão desse esforço (...) Áreas protegidas estão sendo reduzidas pelo governo Dilma, grandes projetos de infraestrutura estão atropelando a região e a presidente da República está se omitindo na discussão sobre o enfraquecimento do Código Florestal, gestado pelos ruralistas no Congresso Nacional”, considerou ele, em material de divulgação do Greenpeace.
O trabalho de Paulo Adario envolveu denúncias contra madeireiras ilegais (Foto: Greenpeace/Daniel Beltra)O trabalho de Paulo Adario envolveu denúncias contra madeireiras ilegais (Foto: Greenpeace/Daniel Beltra)

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