Assentamento Florestal Curuquetê, em Lábrea (AM), em foto de junho de 2011
Criado há nove meses, uma semana após o assassinato de sua principal
liderança - o líder camponês Adelino Ramos -, o Projeto de Assentamento
Florestal Curuquetê, localizado na região do município de Lábrea, no
sul do Amazonas, corre o risco de ficar abandonado e nas mãos de
madeireiros ilegais.
O
alerta vem do agricultor Marlon Teixeira de Oliveira, 39, que após
várias ameaças de morte sofridas desde dezembro de 2011, decidiu fugir
para Manaus.
Junto
com José Miguel da Rocha, 48, outro agricultor morador de Curuquetê que
também vem recebendo ameaças, Oliveira está em Manaus desde a semana
passada.
Em entrevista ao portal acritica.com nesta
sexta-feira (10), ele disse que já comunicou as ameaças de morte à
polícia do município de Humaitá, também no sul do Amazonas, ao
Ministério Público Federal, à Ouvidoria Agrária Nacional, à Polícia
Federal e ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(Incra).
Em Manaus, Oliveira vem recebendo acompanhamento da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Segundo Oliveira, não é apenas a reserva de madeira do PAF Curuquetê que tem sido alvo dos madeireiros ilegais.
Ele
conta que, desde a morte de Adelino Ramos, aumentou a extração de
madeira do Parque Nacional Mapinguari, unidade de conservação gerida
pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio),
devido à falta de fiscalização dos órgãos ambientais.
O
Parna Mapinguari foi criado em 2008 pelo governo federal e está
localizado no interflúvio dos rios Purus e Madeira, nos municípios de
Lábrea e Canutama, na divisa com Rondônia. A unidade de conservação
possui um dos mais ricos ecossistemas da Amazônia
Revolta
Segundo
o agricultor, a origem das ameaças vem de pessoas ligadas a Ozias
Vicente, o principal suspeito de executar Adelino, e do irmão dele
conhecido como Luiz Machado.
No
mês passado, após ser solto por meio de um habeas corpus, Ozias Vicente
foi assassinado, o que levou a justiça de Rondônia a arquivar o caso,
medida que causou indignação e preocupação dos assentados. O processo
ficou nas mãos da justiça daquele Estado porque Adelino Ramos foi
assassinado em Vista Alegre de Abunã, município de Rondônia, na divisa
com o Amazonas.
Para
Marta Valéria Cunha, a facilidade de acesso que os madeireiros (também
conhecido como toreros, por causa da prática de toras de madeira)
possuem para entrar no no assentamento e na unidade de conservação
mostra que o poder público continua ausente na região.
“Soubemos
que estão tirando madeira tanto do assentamento quanto em Mapinguari.
Então com facilidade. Está tudo sem fiscalização. O Estado deveria
manter ali uma força tarefa permanece e não apenas realizar ações
paliativas”, diz Marta.
Para
a agente da CPT, com o esvaziamento do assentamento, não há motivo para
que o local continue existindo. “Vamos conversar com o Incra. Ou o
governo assume aquilo, ou não faz sentido existir assentamento”,
analisou.
De acordo com balanço da CPT no Amazonas, há aproximadamente 49 lideranças camponesas no Estado ameaçados de morte.
Revolta
Marlon
Teixeira de Oliveira foi coordenador do Movimento Camponês Corumbiara
(MCC) entre 2004 e 2009. Depois de um período afastado devido a ameaças
de morte, ele retornou ao local em julho de 2011, após o assassinato de
Adelino Ramos, atendendo a um pedido das famílias do PAF Curuquetê.
“Voltei
ao assentamento e as ameaças retornaram. A situação ficou pior em
dezembro, quando soltaram o Ozias. Soube que ele e o irmão andaram
perguntando quem era a nova liderança de Curuquetê e que iam matar, como
fizeram como Dinho (apelido de Adelino). Nessa época eles não me
conheciam, mas voltando ao acampamento, fui avisado de que eu iria ser
assassinado”, contou Oliveira.
Oliveira
contou que “vai dar um tempo” em Manaus, mas que pretende retornar ao
acampamento para se fazer reuniões com os moradores. “A situação ficou
ruim porque agora o local está sem liderança. Muitas famílias estão indo
embora. Há apenas 15 famílias agora”, conta.
Marlon
Teixeira de Oliveira também se mostra revoltado com o arquivamento das
investigações envolvendo a morte de Adelino Ramos. “O cara (Ozias) morre
e arquivam o processo? O que eu penso é que a questão dos madeireiros é
tipo um tráfico de drogas. Os mandantes sempre ficam de fora da
punição. Quem manda matar nunca é punido”, comentou.
O portal acritica.com procurou
a assessoria de imprensa do ICBMBio, por email, e aguarda resposta às
demandas enviadas sobre a informação acerda do Parna Mapinguari.
Nunca se esqueçam que ja nascemos todos mortos, portanto meus
camaradas, lutamos no tempo e vivemos na eternidade.Adelino ramos
Hum,isso é demais,quantas pessoas precisam morrer para as autoridades tomarem uma resolução?????só morre pobre,sem terra,sem teto e sem nada..?quem mata? capitalistas,grileiros de terras,madereiros,e as autoridades só olhando...depois é só mandar um recado de condolencias e pronto,simples assim.
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